terça-feira, 13 de agosto de 2013

Carine Morais



Cinco perguntas para Carine Morais, a escritora que se diverte sob o pseudônimo de Menina Amora e parece estar sempre procurando não se conter nos limites  do cotidiano. Aqui ela fala um pouco mais sobre sua poética e os desafios e vantagens de usar a internet como meio de difusão dos seus textos. Enjoy! 

Café Coletivo: Em primeiro lugar, por que “Menina Amora”?
Carine Morais: Em novembro de 2010 decidi abrir um blog e precisava de um nome diferente de todos que já vi, depois de muitas buscas por inspiração na internet, encontrei um texto de um autor desconhecido que dizia assim: "não que eu ache ruim tu teres esse nome que soa como aqueles nomes da nobreza, de princesas medievais. Mas teu nome deveria ser amor. A Menina Amora, talvez." Era de amor que eu queria falar, e Amora se tornou o feminino de amor pra mim.
CF: E quando foi que a literatura e, sobretudo, a poesia chegaram pra valer na sua vida e você percebeu que era ali que queria ficar?
CM: Há poucos meses escrevi um texto sobre quando conheci a poesia, acredito que ela sempre morou em mim, porém minha lembrança mais remota sobre ela é de quando eu ainda era criança, lembro que gostava de escrever poemas pra minha mãe, o primeiro foi aos 7 anos e dizia assim: "mamãe você é a flor mais bonita do meu jardim." Acho que tudo começou nesse dia.
CF: Sobre o blog, quando e como surgiu a ideia de publicar seus textos na internet?
CM: A ideia surgiu depois de conhecer o blog de uma amiga estudante de jornalismo, ela abordava assuntos sobre o curso que fazia, achei a iniciativa brilhante, então decidi abrir um também, mas que falasse sobre amor, cotidiano, um pouco de mim. Até então ninguém sabia que eu escrevia, eu também não colocava muita fé nos meus textos, tanto que os primeiros a serem postados eram copiados de autores famosos rs.
CF: Seus textos são muito marcados por elementos de cunho espiritual que nos remetem a algo mais duradouro como os mistérios divinos contrapondo-se a outros, como os que se referem às peripécias da infância, estes ligados à velocidade e ao caráter efêmero da internet, onde eles são publicados. Conte um pouquinho mais sobre esse processo que parece discutir à exaustão o contraste da vida. 
CM: Tenho uma ligação bem forte com Deus e gosto de inserir esse sentimento no que escrevo, me ajuda a dar leveza e propriedade as palavras. A infância é extremamente encantadora e ao mesmo tempo misteriosa, acho bonito trazer esse mistério a tona e com a essência da criança que mora em mim, como todos foram crianças um dia, fica mais fácil a identificação com os textos e a intenção é mesmo essa, quebrar a dureza da rotina, trazendo ternura e docilidade com histórias infantis.
CF: O onírico, as cores e as coisas simples do dia a dia também estão muito presentes em sua linguagem. Você acredita que isso possa vir a ser uma resposta ao mundo moderno, tão automático e carente de pequenos gestos?
CM: Sim, acredito e prego essa mensagem. Modernidade, tecnologia, acesso rápido a tudo é muito bom, mas nada se compara a simplicidade das coisas, justamente porque passam despercebidas, nossos olhos estão tão voltados ao que clama por atenção que os passarinhos cantam, constroem seus ninhos e não presenciamos esse acontecimento único, nessa hora não há fotógrafos, jornalistas para estamparem a noticia nos jornais, mas graças a Deus existem os poetas para registrarem tudo isso. 


É pra já!



O Café Coletivo nasceu como nasce uma flor; devagarzinho. De uma ideia crescente de criar um instrumento mezzo revista mezzo antologia de poetas que escrevem e publicam em plataformas virtuais em Planaltina, no estado de Goiás, passamos a perceber que o mundo pode ser de quem quiser - inclusive nosso.

Café por que tem que ser diário, de maneira às vezes até irresponsável, viciosa. Café de prazeres instantâneos, rápidos. Coletivo por que é assim que tem que ser. Agregado. O amor em doses fortes.



"Escrevo por que encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo pra mim, para que eu sinta minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." 
Clarice Lispector